[ENTREVISTA] MTV IGGY: 'Yoon MiRae é o diamante bruto do K-HipHop'
A RAINHA REINANTE DO RAP SUL-COREANO AINDA LIDERA O CAMINHO E MOLDA OS NOVOS SONS DO K-HIPHOP
Entrevista feita por Adrienne Stanley da MTV Iggy.
Yoon Mirae explodiu no cenário hip-hop sul-coreano ainda no começo do milênio com rimas fortes e agressivas. Como uma feroz MC e atraente vocalista, Yoon Mirae é uma "anomalia" na Coreia do Sul - uma nação que já foi referida como o reino eremita. Nascida nos Estados Unidos como Natasha Shanta Reid, filha de mãe coreana e pai afro-americano, ela é uma dos poucos artistas mestiços no entretenimento musical da Coreia do Sul. Ela atribui seu sucesso precoce ao amor à música alimentado por seu pai: "Meu pai estava no exército, mas como trabalho paralelo ele gostava mesmo era de música e costumava ser DJ. Ele adorava cada gênero, como jazz, hip-hop, R&B, tudo", conta ela pelo telefone na véspera de Natal.
Antes de encontrar fama internacionalmente como uma aclamada MC, 1995 foi o ano em que Yoon Mirae entrou no mundo da música. Ela acompanhou um amigo em uma audição que procurava integrantes para um grupo de hip-hop. Após um representante da World Records ouvi-la cantar, Yoon Mirae também acabou assinando contrato com o grupo, Uptown. Dois anos depois, a vocalista de 16 anos lançou seu álbum de estreia com o grupo; a Coreia a recém estava se abrindo para o conceito hip-hop. O Uptown fornecia uma combinação de hip-hop americano e pop para o público coreano. Com um flow (fluxo de rimas) que lembrava o de Queen Latifah, Yoon Mirae se tornou o destaque do grupo, cuja formação original se desfez em 2000.
Imagem cortesia da FeelGhood Music. |
Depois disso, Yoon Mirae fez sua estreia solo em 2001, como T, adotando a personalidade de uma MC dura de bater. Seu álbum Gemini, de 2002, era composto por uma mistura de faixas de R&B, incluindo Concrete Jungle, que justapôs o fluxo rápido de suas rimas contra seus vocais ricos e aveludados. Em 2007, ela lançou um single chamado Black Happiness, que ilustra a dura realidade enfrentada por ela como uma vocalista mestiça vivendo na Coreia do Sul. Assim como suas letras ressoam, Yoon Mirae considera sua música um reflexo de sua origem étnica única, admitindo: "Apesar da barreira linguística, música é música. As pessoas me diziam, 'você só está tentando ser americana' ou 'você só está tentando ser coreana'. Nunca dei muita atenção pra isso, eu só queria fazer música."
Poucos anos atrás, ela foi reconhecida por Beverly Bryan, da MTV Iggy, como uma das 12 Melhores MCs Femininas Dominando Microfones Por Toda Parte. Sentindo-se lisonjeada por ser incluída na lista, ela disse: "Não há palavras para descrever o que eu senti por esse reconhecimento." Quando perguntada sobre a falta de rappers coreanas com carreiras estabilizadas -que não fazem parte de grupos ídolos - ela aponta: "Não é que nós (MCs mulheres) sejamos inexistentes. É que a maioria das rappers mulheres não recebem atenção dos meios de transmissão." Parte dos motivos pelos quais ela se destacou do restante foi porque na época ela era considerada uma "anomalia"* musical e racial; ela também não recebeu muita atenção no começo.
*no sentido de que ela era uma artista "fora do comum".
Consequentemente, sua carreira solo se desenvolveu através de várias colaborações envolvendo seu marido, Tiger JK (Suh JungKwon) e seu parceiro musical, Bizzy. Em 2013, eles formaram o trio MFBTY e lançaram o criticamente aclamado álbum, The Cure, sob o nome de Drunken Tiger.
Além disso, Yoon Mirae recebeu o prêmio de Melhor Trilha Sonora, com Touch Love (do drama Master's Sun), no 2013 Mnet Asian Music Award (MAMA). "Eu não sei como acontece nos Estados Unidos mas, na Coreia, eles têm sua própria equipe e produtores para fazer uma trilha sonora. No caso de 'Master's Sun', eles me mandaram o roteiro do drama para que eu pudesse escrever a letra. Eu conheço a atriz Gong HyoJin pessoalmente e sempre fui uma grande fã dela. Eu acho ela uma atriz fenomenal. Sempre que ele está em um drama, eu tento ficar envolvida nele", diz Yoon Mirae.
Sua habilidade de transitar do hip-hop urbano, como em BizzyTigerYoonmirae do MFBTY, para baladas cativantes como Touch Love, seria um desafio para muitos artistas. "Quando estou no estúdio, eu amo cantar. Mas quando estou no palco, eu prefiro muito mais apresentar uma faixa de hip-hop. Então, isso meio que deixa tudo equilibrado", descreve ela falando de sua habilidade em mudar de um estilo para outro com sabedoria.
O hip-hop se tornou uma fixação na indústria musical coreana, e hoje em dia todo grupo ídolo tem pelo menos um rapper entre seus integrantes (ex.: WINNER, Airplane, BEAST). MCs coreanos saíram das batalhas underground e hoje desfrutam do destaque que podem ter através de programas de audições como o Show Me The Money. Sobre se o movimento do hip-hop underground poderia ainda existir com programas de TV como este, ela responde: "Acho que é possível. Isso é apenas um tipo diferente de movimento, agora. Acho que o underground sempre existirá."
Com mais MCs emergindo do cenário underground, a sonoridade do pop coreano já começou a evoluir para o K-hip-hop. Para Yoon Mirae, essa evolução na música coreana é algo que ela sempre sonhou. Ela reflete:
"Eu costumava sempre sonhar que o hip-hop fosse mais aceito. Eu sonhava que as pessoas não pensassem no hip-hop como gente vestindo calças largas e gritando coisas obscenas. Há mais no hip-hop. Eu desejava que pudéssemos ter um espaço na TV, e que as pessoas nos entendessem. Agora, esse é um desejo conquistado."No entanto, há um lado negativo no cenário hip-hop: "Mesmo sendo grata por essa mudança, muitos da geração mais jovem estão subestimando o valor do hip-hop. Eles amam hip-hop, e amam música. Obviamente, essa foi a carreira que escolheram. Mas muitos deles têm dificuldade em entender de onde o hip-hop veio ou onde começou", ela observa. "Respeitar a cultura e não apenas se basear no que vêem em videoclipes. Nem todos, mas muitos desses artistas não tiram um tempo pra entender essa cultura."
Yoon Mirae também serve como uma excelente fonte para novos artistas que estão interessados em adquirir conhecimento sobre a cultura hip-hop. Ela escreve novas canções constantemente enquanto trabalha no estúdio. Seu último single, Angel, que conta com a colaboração de Tiger JK e Bizzy, é um R&B de meio tempo que reflete uma nova sonoridade de Yoon Mirae. "Eu escrevi essa música originalmente há mais ou menos 4 anos. Nós não saímos muito, então normalmente ficamos no estúdio, que não fica longe de nossas casas. Estávamos mexendo nas música que gravamos e escrevemos, e achamos 'Angel'. Por algum motivo, naquele dia, as letras apareceram pra mim, então só escrevi o refrão."
Como uma das líderes do hip-hop em seus primórdios, ela testemunhou a evolução do gênero e participou de alguns momentos em seu ápice. Ela continua sendo um das MCs mais duronas da Coreia, e é uma das tantas rappers mulheres fora dos grupos ídolos que continuam rompendo os padrões do hip-hop coreano.
Fonte: MTV Iggy
Por favor, não retirar do Drunken Tiger Brasil sem os devidos créditos.
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