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Após estabilizar uma nova gravadora, Feel Ghood Music , e um grupo projeto chamado MFBTY , Tiger JK ficou afastado dos holofotes por um an...

[ENTREVISTA] Tiger JK: "Eu sou o 'tiozão' do hip-hop, e estou pronto para voltar"

02:09 Rachira 0 Comments


Após estabilizar uma nova gravadora, Feel Ghood Music, e um grupo projeto chamado MFBTY, Tiger JK ficou afastado dos holofotes por um ano, especialmente após o falecimento de seu pai. Ele revelou que há um novo álbum a caminho, que deve ser lançado em novembro deste ano, e admitiu que tem estado "intuitivamente fazendo música".


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O estúdio modesto de Tiger JK, localizado em Kyunggido, Uijeongbu, é bem básico. Um antigo espaço de armazenamento foi transformado em estúdio de gravação, e tem sido usado nos últimos 10 anos. Dentro desse estúdio, com seu computador meio fora de moda, sofá antigo e fotografias empoeiradas, músicas de sucesso, como Isolated Ones, Left Foot Forward(소외된 모두, 왼발을 한 보 앞으로!) e Monster, foram criadas. Esse espaço é a fábrica de músicas de Tiger JK, também conhecido com O Pai do Hip-Hop Coreano / O Chefão. Quando encontrei com Tiger JK em seu estúdio recentemente, ele disse que é um ajusshi do hip-hop (palavra coreana usada para homens de meia idade, como um "tiozão"), mas ele não se sente dessa maneira quando está no estúdio. Ele o apelidou de sua "cápsula do tempo".

Esta é a primeira vez, em 12 meses, que Tiger JK concede uma entrevista. No último mês de julho, Tiger JK, sua esposa Yoon MiRae, e seu parceiro de gravadora e amigo, Bizzy, deixaram sua antiga agência, Jungle Entertainment, e estabilizaram sua própria gravadora, a Feel Ghood Music. Mais recentemente, Tiger JK lançou seu 9° álbum, The Cure, há um ano atrás, mas desde então, eles não se apresentaram em palcos muitas vezes.  

"Eu não sabia o que estava acontecendo lá fora. Eu ficava no estúdio a maior parte do tempo, então eu não sabia o que estava acontecendo pelo mundo. Bizzy sugeriu que eu fizesse boxe, e no momento estou realmente gostando."

Uma grande montanha, ainda assim um grande amigo: seu pai e o atraso em seu álbum para reunir as obras dele 


Antes de começar a praticar boxe, Tiger JK não estava em seu melhor estado. Seu pai, Suh ByungHoo, um colunista pop altamente respeitado que trabalhou com a revista Billboard US para apresentar a música coreana aos americanos, faleceu em 1° de fevereiro de 2014. É de conhecimento geral que Tiger JK e seu pai eram muito próximos. As respostas de JK sempre se desviavam para falar de seu pai, mostrando que ele ainda se sente triste pela sua ausência. "Para mim, meu pai era como uma grande montanha, mas ainda assim meu melhor amigo", diz ele. "Não importa o que eu perguntasse, ele sempre tinha a resposta pra mim. Até hoje, quando não tenho certeza de algo, eu quero perguntar a ele. Não importa onde eu vá, tudo me lembra ele. Eu me lembro de quando ele circulou 1° de fevereiro no calendário, e me disse, 'Esse dia vai ser um longo aniversário', quando seu aniversário é no dia 8. No dia anterior ao que ele faleceu, nós fizemos uma festa para meu pai. Tiramos fotos juntos, e escutamos sua sabedoria também. Do nada, ele me pediu para ir lá fora e gravar, então eu fui. No dia seguinte, ele deu seu último suspiro em meus braços."

Tiger JK revelou uma parte do diário de seu pai escrito enquanto ele lutava contra o câncer. Mesmo recebendo quimioterapia, o pai de JK recusou anestésicos e analgésicos, e isso pôde ser claramente mostrado através da escrita a mão de seus registros. (O entrevistador viu inúmeros registros escritos por Suh ByungHoo falando sobre seu filho, um anel que queria dar à sua esposa, e o sentimento de estar partindo). Tiger JK atrasou a produçãoo de seu álbum e reuniu os trabalhos de seu falecido pai, como seus 8 livros, cantigas de criança escritas para Jordan (filho de Tiger JK), e um site documentando a evolução da Onda Hallyu.

JK lê o seguinte trecho para o repórter:
"Mesmo que eu me sinta como uma árvore, quero carregar grandes feitos. No entanto, tenho medo que eu possa ser punido."
Tiger JK sentiu a dor de seu pai enquanto lutava contra o câncer. Ele sacou toda a sua poupança, e com aprovação de sua família e parceiros de negócios, ele doou tudo aos necessitados. Tiger declarou que após ter dado todo o seu dinheiro, ele se sentiu livre. Ele quer juntar tudo o que o seu pai lhe ensinou, criando um curto documentário no YouTube usando os trabalhos dele.

Um jovem homem, que queria ser instrutor de TaeKwonDo, se torna rapper + Sua luta contra a mielite transversa 


Tiger JK passou sua adolescência em Los Angeles após sua família ir morar nos Estados Unidos. Seu pai o mandou pra Miami, para a casa de seu tio, um instrutor de TaeKwonDo, para que ele "se tornasse homem". Com essa habilidade vital em seu currículo, Tiger JK pôde conviver com as outras crianças da área sem problemas. Tiger JK retornou para Los Angeles na época do ensino médio. Ele queria se tornar instrutor de TaeKwonDo e até mesmo abriu um clube de TaeKwonDo em sua escola. Seu outro hobby era escrever, já que ele respeitava muito a habilidade de seu pai em criar suas palavras. Por volta dessa época, Tiger JK percebeu que seus amigos não escutavam músicas populares. Ele ficou fascinado por esse gênero (hip-hop) e foi instantaneamente atraído por nomes como N.W.A (Niggaz With Attitude) e Biz Markie.  

"Aos meus olhos eles eram como super estrelas. Eu achava que as estrelas eram todas chiques e cheias de luxo, mas esses caras usavam os mesmos bonés que a gente, e gravavam videoclipes na rua. Eles falavam palavrão. Cuspiam rimas sem música de fundo. A gente costumava realizar campeonatos de open mic em toda festa em casa que rolava. Eu era meio tímido de primeira, mas meus amigos me encorajavam e eu fiquei mais confiante depois disso."

Tiger JK foi apresentado pela primeira vez aos sul-coreanos participando como convidado especial de um programa chamado Johnny Yune Show, em 1992. Em Los Angeles, a discriminação racial era mais prevalecente comparada as outras áreas dos Estados Unidos. Durante os Distúrbios de LA, em 1992, o rapper Ice Cube, do grupo N.W.A, lançou a música Black Korea, que discriminava os coreanos. Em resposta a isso, Tiger JK apresentou sua própria música, Call Me Tiger, em frente a um público predominantemente afro-americano em um festival de hip-hop.


Três anos depois, Tiger JK se juntou com seus amigos, Micki Eyes aka E Kim (coreano-italiano) e Sucram (afro-americano), e visitou a Coreia na esperança de lançar um álbum em seu país de origem. O Diretor Executivo da Oasis Records, que conhecia o pai de Tiger JK, concordou em lançar seu álbum Enter The Tiger. Tiger JK declarou que seus amigos americanos respeitavam a cultura coreana tendo aprendido TaeKwonDo, e queriam abraçar a cultura asiática como fez o grupo de hip-hop Wu-Tang Clan. Sendo assim, eles tiraram fotos em um mosteiro e as puseram no álbum. No entanto, o álbum inteiro, com exceção de algumas poucas faixas, foi proibido de ir ao ar por razões duvidosas, como "as músicas não possuem melodia", e "contém palavrões". Tiger JK declarou que apenas algumas cópias do álbum foram impressas, e ele nunca chegou a causar um impacto, pois na época eles competiam com os principais artistas populares, como Seo TaiJi e Solid.


Alguns produtores famosos se aproximaram de JK, mas eles queriam que ele abandonasse os amigos e trabalhasse solo. Com seus sonhos destruídos, os amigos americanos de Tiger JK voltaram à sua terra natal. Sentindo-se envergonhado e derrotado, Tiger JK prometeu ao seu pai que iria para a faculdade e daria aulas de TaeKwonDo para sobreviver. Dando duro nos estudos, ele foi aceito na UCLA (Universidade da Calinfórnia, Los Angeles). Então, um dia, em 1997, ele foi convidado para um seminário sobre hip-hop na Coreia, e quis usar essa oportunidade para mostrar ao seu pai que podia viver daquilo. No entanto, naqueles anos, ele percebeu que o hip-hop estava se tornando muito popular na Coreia. Ele também estava sendo requisitado para escrever letras e colaborar em músicas.

Tendo ouvido falar de Tiger JK, a Mnet pediu a ele que se apresentasse em palco. A Doremi Records soube da notícia e pediu para que ele escrevesse duas músicas em coreano. Tiger JK, com seu amigo Kim JinPyo (hoje rapper também), que escreveu as letras em coreano, criaram I Want You (난 널 원해) e Do You Know Hip-Hop (너희가 힙합을 알어?). Tiger JK se juntou com o amigo, DJ Shine, para formar o Drunken Tiger e lançaram seu primeiro álbum, Year Of The Tiger, em 1999.  

"Nós estávamos envolvidos com muitos problemas desde o início", disse Tiger JK, "pela existência de palavrões em nossas músicas, e porque nossas roupas não eram 'apropriadas'. Nós vendemos 180 mil cópias do nosso álbum, mas todo mundo dizia que depois disso estaríamos acabados."

Apesar das dúvidas, o Drunken Tiger retornou em 2001 com seu terceiro álbum, The Legend Of..., e ganhou o primeiro lugar de um dos programas musicais semanais mais populares, o Inkigayo. Tiger JK disse que quando contou ao seu pai que havia acabado de ganhar o primeiro lugar, seu pai disse a ele: "Não fique tão feliz. Se você ficar feliz por receber uma premiação, você se sentirá miserável se não receber uma."

Após a saída de DJ Shine do Drunken Tiger, em 2004, Tiger JK mostrou sua flexibilidade musical com o 6° álbum do Drunken Tiger, 1945 Liberation. Com o término de seu contrato com a Doremi Records, o pai de Tiger JK pediu a ele que criasse sua própria gravadora. Ele criou a Jungle Entertainment, mas então ele recebeu uma notícia que abalaria sua vida: Tiger JK foi diagnosticado com mielite transversa. Ele às vezes perdia toda a sensibilidade nos membros inferiores, ficava inchado, e seu corpo confundia temperaturas quentes com frias. Muitos duvidavam que ele voltasse a andar, mas com muitos tratamentos e determinação pessoal, ele começou a andar novamente.


Sua esposa, Yoon MiRae, tem sido seu principal apoio nos bons e maus momentos. Tiger JK e Yoon MiRae se casaram em 2007, e tiveram seu primeiro filho, Jordan, em março de 2008. A mídia coreana os chama de "O casal do hip-hop."  

"As pessoas acham que MiRae é forte e resistente, mas ela é como uma flor", disse JK. "Ela tem muitas lágrimas, mas se mostra forte e nunca demonstra nenhum temperamento. Ela era mais próxima do meu pai do que eu."

O 8° lançamento do Drunken Tiger, Feel gHood Muzik, foi um enorme álbum duplo de 27 faixas. Esse álbum ultrapassou as expectativas de qualquer um, e causou grande impacto na indústria musical offline.

Tiger JK relembrou os últimos 20 anos em que tem estado na indústria musical do hip-hop. "Eu era um novato naquela época e aprendia aos poucos enquanto crescia. Meu primeiro álbum não foi uma obra-prima. Não vendeu bem e a mídia não me recebeu bem. Eu nunca pensei que criar música pudesse ser algo rentável, então eu nunca fui ganancioso." No entanto, seu desejo de nos contar histórias o ajudou a moldar e a definir sua música. Escrever músicas como Convenience Store(편의점) e Once Upon A Time(나의 어리석은 방황) -do 5° álbum- o ajudaram a desenvolver a narrativa em sua música.

Estou feliz trabalhando duro 

Foto: drunkentigerintl.com
 
Tiger JK declarou que está finalmente aceitando tudo o que aconteceu no último ano e está bastante confiante que sua gravadora, Feel Ghood Music, fará um ótimo trabalho. A Feel Ghood Music tem 7 integrantes: Tiger JK, Yoon MiRae, Bizzy, um novo rapper, um produtor, e duas pessoas que são parte da equipe.

"Todos nós compartilhamos da mesma visão e fazemos tudo de maneira positiva. A própria noção de sermos capazes de conseguir algo nos ajuda a lutar com mais força. Meu sonho no momento é poder ser capaz de realizar os sonhos deles", diz JK.

A Feel Ghood Music deve voltar à sua posição com o lançamento de um novo álbum em novembro deste ano. Nada mais foi dito, no entanto, ou será um álbum solo de um dos artistas, ou um álbum do MFBTY.  

"Fizemos essas músicas para curarmos a nós mesmos", declarou Tiger JK. "Nós não pensamos em gênero musical, apenas gravamos o que sentíamos que ficaria bom. Os resultados finais foram canções felizes, não tristes." Tiger JK continuou e disse que Yoon MiRae até mesmo se ofereceu pra fazer a coreografia. "Estamos trabalhando duro, mas ao mesmo tempo, estamos animados". 

Fonte: YonHap News | Tradução: Jsk para DT Intl. (KOR-ENG), DT Brasil (ENG-PT)
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