[INTERVIEW] Tiger JK, Entre Luz e Sombras
A entrevista a seguir foi feita pela revista Men's Health coreana do mês de Junho, a qual JK foi capa. O motivo de não termos postado antes é porque não tínhamos tradutor. Espero que vocês leiam e gostem bastante, pois a entrevista está realmente fantástica.
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Tiger JK, Entre Luz e Sombras
Deus não foi um Pai superprotetor com ele. Deu-lhe um talento nato para a música, mas sempre o deixou exposto a provas. Por isso, em sua vida sempre existiu a divisão entre o céu e o inferno. A doença que levou a ameaçar sua vida no passado, ainda continua, mas o filho que conseguiu após o casamento mostrou-lhe novas esperanças. Hoje, vai levando a vida que existe "o dia e a noite", "as sombras e a luz", como o Perseu que era filho de um deus, mas sofreu vivendo como qualquer outro humano.
A maioria das entrevistas da Men's Health são assim.
Como conseguiu ficar com um bom físico, que tipo de exercícios faz, o que é necessário, o segredo da alimentação, etc.
As perguntas que os entrevistadores faziam eram perfeitas para as pessoas que contavam orgulhosas dos seus resultados físicos depois de tanto sofrimento. E Tiger JK era uma ótima opção para ser a capa de revista, pois a imagem que passou em comerciais e programas de televisão o aparentou ser muito saudável, uma vez que, sofreu de uma grave doença chamada Mielite (um tipo de inflamação na medula).
Queríamos contar a história do velho "...ele se curou e viveu feliz para sempre". Mas tivemos que mudar a entrevista, a agência pedia para que não divulgassem fotos de muita exposição, pois não estava totalmente curado de sua doença e foi difícil se concentrar em musculação ou outro tipo de esporte para obter um bom resultado físico no momento.
Parece bem mais alegre do que no inverno de 2007. Melhorou de saúde?
Comparando com a época que sofri da doença (Mielite) estou milagrosamente saudável. O oitavo álbum que lancei com muito carinho saiu super bem e constantemente estão acontecendo muitas coisas fabulosas. Por isso estou mais alegre. Mas não estou totalmente curado de minha doença e não sei quando vai piorar outra vez.
Me disseram que conseguiu se curar da doença com muito esforço físico.
No final das contas, o mais importante foram as coisas primitivas. No meu caso foi que eu fiz tudo o que os médicos pediram para eu não fazer e assim me curei rápido. Pediram para que não fizesse esforços físicos, mas eu caminhava todos os dias, não podia deixar de tomar remédios e deixei de tomar. Me exercitava todos os dias em casa, com barra de ferro instalada na porta e pushups. Creio que para curar-se de doenças, a melhor maneira é mudar o estilo de vida e manter a mente positiva. Todas as manhãs, eu escrevia cartas para mim mesmo para obter a mente positiva.
Sei que praticava diversos esportes como o Taekwondo. Isso te deu alguma ajuda para curar-se?
Como não podia praticar esportes pesados, só caminhava. Era difícil até de caminhar. Quando era adolescente sempre acordava às 5 da manhã e corria com peso de areia nos tornozelos. Nem era para ir à jogos olímpicos, mas fazia porque gostava de praticar esportes. E estou acostumado a isso. Se eu não fizesse isso antes, acho que não teria aguentado. Muita gente diz que a mentalidade que mantive desde esta época me ajudou muito, pois todos pensavam que tudo tinha acabado quando as minhas pernas foram totalmente paralisados e o corpo todo inchado por uso de remédios.
Então o que significa esporte para você?
Eu respeito muito os esportistas, não somente os que praticam musculação, mas aos que praticam esportes continuamente. Tudo na vida é uma luta contínua consigo mesmo, principalmente os que praticam esportes são gente que mostra isso visivelmente. As pessoas que não sabem, pensam que os jogadores de futebol ganham milhões só por tocar na bola. Mas lutar com você mesmo, treinando o dia inteiro, cumprindo todas as regras, não é fácil. As pessoas que mostram isso com atos são incríveis, sejam esportistas ou pessoas comuns.
Agora o Tiger que tomava bebida alcoólica para subir no palco não toma mais. Como você se sente?
No começo, era muito difícil. Depois que comecei a desinchar e melhorar um pouco da doença, voltei pro palco, e na primeira vez que subi, conseguia captar a expressão de todos que estavam alí. Antes escutava somente os gritos da galera, mas agora encontrava a expressão de gente que não gostava de mim também, e isso era difícil pra mim. Fingia que não via, como fazia quando saia nos programas de TV, mas depois acabei acostumando e com tempo consegui sentir um 'HIGH' diferente. Encontrei uma nova felicidade de mentes claras.
Uma vez que você foi aos programas Infinity Chalenge* (무한도전) e Murupak Dosa** (무릎팍도사), ficou muito mais próximo do público. Quais foram as mudanças?
Não sei se sabem mas eu não gosto muito de aparecer em programas de televisão. Eu pensava que os artistas tinham que esconder-se dessas coisas. Em Infinity Chalange fui para ajudar uns amigos próximos e em Murupak Dosa porque tinha negado umas quantas vezes e como não tinha outra desculpa tive que ir também. E nos dois programas a minha imagem saiu tão bem editada que me deixaram até com um peso na consciência. Os vovozinhos me reconhecem mais depois disso. E me pedem para rir mais nas sessões de fotos, antes não pediam tanto. Parece que ganhei uma imagem mais amigável com as pessoas, mas assim mesmo, ainda sou um rapper maníaco nos palcos. (risos)
*Infinity Chalenge é o programa mais famoso da Coréia, tipo um reality show que tem 7 membros fixos, com temas diferentes para cada capítulo. No ano passado tinham que apresentar uma musica e TigerJK ajudou o comediante Yoo Jae-Seok (apresentador mais famoso da Coréia).
** Murapak Doso é um programa coreano, que cada capítulo sai um artista que fala dos seus problemas, da sua vida, etc etc e ganham uma resposta no final.
A qualidade da pessoa não tem como mudar em curto tempo. O que mais te deu influências?
Eu acho que foi a influência da minha família. Meu pai me criava como uma ovelha em pastoreio, mas sempre me mostrava como era a vida. O meu tio que era mestre em Taekwondo e me ensinou a ser responsável. A minha vovó, que também minha amiga ao mesmo tempo, era uma pessoa muito bacana que curtia Rap. E a minha mãe e duas irmãs sempre se preocupavam comigo. Vivi a vida toda entre essas distintas personalidades, num 'bounce' dentro da liberdade, responsabilidade e um infinito amor. Por isso sempre voltava logo dos meus ataques de rebeldia.
Em muitas entrevistas você disse que o 'modelo rol' da sua vida era o seu pai. No que você queria ser parecido com ele?
Como homem, tinha o meu pai como 'modelo rol'. Mas não queria ser como o meu pai. E vi que estou cada vez mais me parecendo com ele. O que mais invejo dele é o "conhecimento". Meu pai é um gênio. Pode ser que ele se esforce muito, mas consegue alcançar todas as suas metas facilmente. Estudou no colégio Kyung-book e Universidade de Seoul (é a melhor universidade da Coréia), mas não age e nem pensa como gente de elite, dizia que queria estudar música, mas por oposição da vovó teve que deixar. (O seu pai trabalhou na Revista Billboard também, como crítico musical, jornalista de jornal e revista). Hoje tem 70 anos e continua estudando. A biblioteca da casa está cheia de livros, quase não tem mais espaço e ele sempre dorme lá em vez de dormir no quarto confortavelmente. E o meu pai sempre sabe a resposta. Todas as respostas. Isso eu invejava dele. Atualmente estou tentando ler mais porque não quero ser, para o Jordan, um pai que só sabe de rap.
Ainda pergunta ao seu pai toda vez que tem alguma dúvida?
Claro, ainda falo muito com ele. Mas hoje em dia o que ele mais me diz é "Faça o que você quer". Me confundia muito quando dizia isso, acho que porque eu já estava grande ou agora estava acreditando em mim de verdade, mas depois a minha irmã me contou que o meu pai sempre se preocupou comigo, por isso sempre fez com que eu não ficasse "orgulhoso demais". Mas depois que ele viu as minhas atividades do álbum passado me disse, "Agora sim, chegou até o lugar certo JK, pode começar" e riu alto. Fiquei muito contente quando escutei isso. Mas ao mesmo tempo preocupado. Será que vou conseguir fazer tudo certo sozinho?
Soube que esta usando muito o Twitter. Eu também te sigo, o que é Twitter para você?
O Twitter é perfeito para alguém como eu que não gosto de falar em frente ao publico ou aparecer na TV. É um lugar onde posso falar o que eu quero. Twitter é um tipo de ''mundo fantástico''. Tem muita gente que usa Twitter para publicidade, mas eu não. É como um AVATAR. Os avatares se auto-consolam entre eles mesmos. Tem gente que fala nele porque se sente só, querem atenção. Depois que comecei a usar Twitter, a minha rede de relacionamentos expandiu muito. Desde fãs de todo lugar do mundo, pais que me seguem porque seus filhos gostam de mim, políticos, críticos e até jornalistas. Me comunico com vários tipos de pessoas diferentes, que antes não conseguia me comunicar no meu fan site. Esses dias estava brincando de conseguir respostas do Jim Carrey, e até consegui duas vezes a sua resposta. (risos)
Vamos falar um pouco de música. Você disse que o oitavo álbum que lançou foi como "mágica". O que significa isso?
Todos disseram que era um desafio imprudente. Diferente de cantores jovens, 'ídolos', que lançam álbuns singles (de 4~5 musicas), o meu continha 27 musicas e estava dividido em 2 CDs. Estavam todos contra. Mas como fiz pensando nas grandes mudanças em minha vida e na minha mente, queria expressar o meu agradecimento aos fãs e isso acabou resultando numa coisa enorme. Felizmente esse álbum alcançou mais de 100 mil em vendas e ganhei muitos prêmios também. Ganhei o 'Golden Disk' e o prêmio de Melhor Álbum de Hip Hop do ano de 2009. Não é importante ganhar prêmios, mas esse foi o primeiro prêmio que ganhei na vida, e como foi um prêmio na categoria Hip Hop, foi mais valioso para mim. E não sei se foi por sorte ou o que, mas vieram muitos pedidos de comerciais e entrevistas com sessão de fotos, programas de TV. O fato é que dessa vez encerramos a publicidade cedo e poucas vezes saíamos na TV. Claro que tem muita gente que não sabe disso, mas pessoalmente esse foi um álbum muito "mágico" para mim.
Teve algum motivo para encerrar cedo a publicidade?
Ate o oitavo álbum, subíamos somente ao palco (show ao vivo) para publicar a nossa música, mas com esse oitavo álbum tivemos a chance de aparecer na televisão, mas me sentia estranho, parecia que estava dentro de uma jaula, um espaço que foi feito para me ajudar, ao contrário, me sufocava. Ficava depressivo quando recebia palmas de gente que não eram meus fãs e batiam palmas só para serem simpáticos. Sentia que ia cometer algum erro durante o show e não conseguia dar o meu 100%, por isso encerrei logo as atividades de publicidade. Isso durou mais ou menos 1 mês.
Qual foi a reação dos fãs em relação ao oitavo álbum?
A maioria dos meus fãs, são fãs desde a época do Drunken Tiger. Na época as pessoas até xingavam quem não gostava de mim. Parece que eles têm um certo orgulho de serem meus fãs, e estão contentes agora porque não vão precisar serem xingados porque curtem a minha música. Foi por essas pessoas que o álbum ganhou êxito. Como uma criança. Mas como a nossa empresa (Jungle Ent.) é como eu, que não sabe se vangloriar nem um pouco, isso não foi muito publicado. E como essa entrevista foi feita para encerrar as atividades deste álbum, queria contar um pouco disso, mas nunca pensei que fosse na Men's Health.
O oitavo álbum foi classificado assim: uma combinação entre a claridade e a escuridão, mas muitos dizem que não foi algo tão arrepiante (no bom sentido) como antes.
Eu sempre fiz o que eu quis. O que mudou foi o meu modo de ver. As mudanças que tenho em minha vida, passo diretamente na minha música. Rap é como um "filme auditivo", quando é maravilhoso, é extremamente maravilhoso. Mas não se pode ser sempre maravilhoso se é um filme violento. Concordo com o que o artista de hip hop 50Cent disse, "Na época eu era muito pobre, apontavam pistolas pra mim e nasci de novo, não tinha o que perder. Agora me novo com meu jato particular e se eu voltasse a cantar como antes, isso ia ser uma contradição". Antes, quando era jovem, fazia tudo o que podia de qualquer maneira com garra e coragem sem pensar no que ia resultar. Mas hoje, com mais idade, principalmente por passar momentos difíceis, comecei a ver de outra maneira a vida e a morte. Eu nem tenho o meu veículo ainda. Não é que a música muda porque tem mais condições financeiras como 50Cent. E atualmente estou pensando mais antes de falar algo, porque quero fazer músicas que possa escutar com o meu filho. Quero escutar a minha música junto com o meu filho.
O que mudou depois que nasceu o seu filho?
Amo o Jordan de verdade e posso fazer tudo por ele. Mas como a Mirae (YoonMirae) esta muito apaixonada pelo Jordan, deixo que ele fique com ela. Se eu o trato muito bem e ele gostar mais de mim que Mirae, creio que ela vai ficar triste. Antes não escutava muito as músicas dos cantores ou grupos pop porque não tinha nem tempo para a minha, mas agora estou escutando mais. Jordan já não escutava mais nossas músicas quando começaram a sair grupos de meninas na televisão.
As mulheres ficam mais corajosas quando viram mães. Yoonmirae também ficou assim?
Mirae é uma pessoa muito frágil e sentimental. Uma vez doou todo o dinheiro que estava juntando fazia muito tempo a uma amiga que estava necessitada, outro dia, viu uma pessoa pobre na TV e ligou para doar sem que ninguém soubesse. Até discutimos uma vez porque ela doou todo o dinheiro que eu estava juntando para comprar algo para a minha mãe e a minha sogra. Ela era pior do que eu em frente às câmeras e bem mais tímida, mas agora fala tudo o que quer e fala bem em frente a câmeras. E também tem uma poupança no banco atualmente, tudo isso me pareceu muito amável e me faz sentir a força da mamãe.
Tem muita gente que pensa que JK tem tudo na vida, tem algo a dizer à eles?
Muita gente que não me conhece bem, pensa que tenho uma bela manção em Ujungbu (bairro coreano) e vivo colecionando automóveis caríssimos. Mas isso não é verdade. A área musical está bem mais disputada no momento. Penso que tudo na vida é 100% de esforço e 200% de sorte. Todos dizem que estão dando o 100% do esforço, mas não vi muitos de verdade. A maioria dão uns 60% deles e dizem "a minha vida é uma merda, só acontecem coisas ruins, nunca tenho sorte", são uns pessimistas. Muitos querem tudo muito fácil e rápido. Não sou alguém "importante" que posso dar conselhos ou algo do gênero, mas quero dizer à eles que dêem os 100% primeiro. E que fiquem fortes, não maldosos. Eu penso que dei de mim uns 80% de esforço e tive 200% de sorte. Claro, ainda não estou financeiramente estável e não estou totalmente curado da minha doença. Mas parece que porque tenho estas dificuldades, estou aguentando mais.
Por último, quero saber como você quer viver a sua vida.
Na verdade, o que eu disse no Murapak Dosa que ''quero ficar realmente famoso'' não era o meu verdadeiro problema. Claro que era um dos problemas, mas não o principal. Havia um tempo que pensava "Porque não sou um '2PM' ou 'Rain' se vendiam cerca de 100 mil álbuns?". Como a minha música era Hip Hop e eu era mais jovem, parece que tinha um complexo de inferioridade ou algo assim por não conseguir encontrar um lugar onde eu não era o protagonista principal. Mas agora já não tenho mais isso, agora estou muito agradecido a tudo. Eu não sou um artista e nem um rei do Hip Hop. Sou um contador de história que utiliza a música para contar. A música foi uma passagem que me levou para a vida. Se meu coração permitir, quero trabalhar com vários gêneros de música e quero viver ajudando os outros necessitados. Mas não quero que essas palavras sejam editadas, através da mídia, dos noticiários que sou um 'anjo doador'.
Entrevista da revista Men's Health Coreana de Junho de 2010
Fonte: StorySearch
Tradução: JulyChoi @DrunkenTigerBrasil.blogspot.com
Adorei a entrevista! Apoio totalmente JK e sigo tambem no twitter! Adoro!
ResponderExcluirMto emocionante ...T^T sniffff lendo e lendo umas 5vezes ja hueheue
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